Nada mais interessante e prazeroso do que se pertencer a uma associação de classe, com abrangência nacional, que, dentre outros objetivos, patrocina eventos anuais no sentido de fazer o congraçamento de seus associados, seja para discussão de matérias pertinentes ao métier do desenvolvimento dos trabalhos do dia-a-dia, seja para promover a integração de seus membros, ou, ainda, para possibilitar um raro momento de lazer quando de seu encerramento, com a realização de um jantar dançante.
Meu primeiro contato com um evento dessa importância deu-se no ano de 1994, em Salvador (BA), local em que ocorreu o XI Encontro Nacional dos Fiscais de Contribuições Previdenciárias, patrocinado pela associação nacional que congrega os servidores públicos dessa classe. Já nesse evento, debutei também com um namorico com uma colega de trabalho, paraibana, que lá por se encontrava, redundando, posteriormente, num namoro – durou algum tempo e depois se transformou em amizade.
Em meados do ano de 1995, por volta do dia 22 de agosto, estava eu arrumando as malas com destino à minha segunda participação em um evento dessa magnitude, precisamente, com destino à cidade de João Pessoa (PB), local aonde se realizaria a XV Convenção Nacional dos Fiscais de Contribuições Previdenciárias, sob os auspícios de nossa associação mater – Associação Nacional dos Fiscais de Contribuições Previdenciárias (Anfip).
Como era de se esperar, dei de encontro com minha ex-namorada e, sem qualquer seqüela por conta do rompimento do relacionamento anterior, tivemos boas conversas, inclusive, ela se dispondo a dar uma de cicerone, claro, com seu novo namorado a tiracolo.
Nos passeios das idas e vindas nos intervalos das palestras, ou no horário do almoço ou do jantar, quase sempre cruzava com a ex-namorada, tempo em que, quando isso ocorria no saguão de entrada do evento, ela aproveitava para me instigar a adquirir um chaveiro que concorreria ao sorteio de um carro que ali estava exposto (corsa sedan, zerado, modelo de lançamento, motor 1.4 cilindrada). Esse sorteio foi patrocinado pela Associação Paulista dos Fiscais de Contribuições Previdenciárias, sendo que o ganhador do carro seria aquele que adquirisse um chaveiro e tivesse a sorte do número premiado (cada chaveiro custava R$ 25,00 e continha um número de 001 a 999).
Às constantes sugestões da ex-namorada para compra do chaveiro, sempre respondia negativamente. Era um tal de “compra que é barato”, “compra que tu podes ganhar”, “compra que o carro é bonito”, “tu não é miserável, compra”, “são só R$ 25,00” etc. Confesso, não sei se foi pela massificação da propaganda ou pelo “aluguel do meu ouvido”, o certo é que, no dia do sorteio, não resisti à tamanha estimulação: comprei o chaveiro, apesar da quase certeza de me considerar uma pessoa sem sorte, portanto, lá se foram meus vinte e cinco reais.
É claro, como me considerava um desafortunado, não olhava para carro como os outros 998 adquirentes do chaveiro, que, por certo, sonharam com sua propriedade nos quatro dias de exposição daquele. É bem verdade, ainda que não fôssemos, nem de longe, uma daquelas pessoas que acha dinheiro em calçada alta, mesmo assim, não custava nada dar uma olhadela transversal, en passant, no objeto de nosso investimento altamente duvidoso, por isso, não lembro, mas devo ter caído nessa tentação...
Meia-noite do dia 25 de agosto de 1995, dia do sorteio. Pára o baile. O jantar será servido depois, anuncia o chefe de cerimônia.
As regras do sorteio são expostas: o primeiro número a sair do globo será o da centena, portanto, descartavam-se, de imediato, 899 ou 900 concorrentes; o segundo número sorteado seria o correspondente ao da dezena, o que redundava em permanecer sonhando apenas 9 ou 10 dos adquirentes dos chaveiros; e, por final, o terceiro número tirado do globo, por ser o da unidade, fecharia a centena, podendo o sortudo, a partir daí, soltar seus foguetes.
Roda o globo, salta a bola e anuncia o chefe de cerimônia que 899 pessoas acabaram de perder vinte cinco reais, pois saiu a centena de número 7, portanto, restavam 100 concorrentes; retornam todas as bolas ao globo, roda, roda e se extrai aquela correspondente à dezena, dando zero – eu e mais nove candidatos a proprietário do carro fomos convidados a subir no palanque do salão de festa para, à vista de todos, assistirmos, torcermos e sonharmos com a posse definitiva do veículo; pela última vez, as dez bolas foram colocadas novamente no globo, novamente rodam, rodam desvairadamente, e uma acha o buraco da saída – de soslaio, ainda que por um instante em que o mistério de sua identidade era prolongado pelo chefe de cerimônia, tive a certeza de que aquela pontinha de número me era bem familiar.
Bem, não sei por onde andava minha ex-namorada no momento do anúncio da unidade final que compôs a centena sorteada, todavia, me vi entre muitos colegas do Ceará, alguns cabisbaixos, outros com a ilusão de que “bateram na trave”, os demais, com banho de cerveja, faziam a festa com o ganhador.
Se não fosse por ter achado, no aeroporto de Miami, um mês antes, uma pochette com 89 dólares dentro, e mais, quinze dias atrás dessa viagem, ter ganhado um vale-brinde, no valor de 150 dólares, gasto naquela cidade dos Estados Unidos, talvez, no sorteio do número 702, não tivesse me considerado sem sorte – é certo, depois encontrei minha ex-namorada e tive que agradecê-la, afinal, não é todo dia que se é forçado a ganhar um automóvel corsa sedan, zerado, modelo de lançamento, motor 1.4 cilindrada, à época, no valor de R$ 13.500,00.
FIM
Meu primeiro contato com um evento dessa importância deu-se no ano de 1994, em Salvador (BA), local em que ocorreu o XI Encontro Nacional dos Fiscais de Contribuições Previdenciárias, patrocinado pela associação nacional que congrega os servidores públicos dessa classe. Já nesse evento, debutei também com um namorico com uma colega de trabalho, paraibana, que lá por se encontrava, redundando, posteriormente, num namoro – durou algum tempo e depois se transformou em amizade.
Em meados do ano de 1995, por volta do dia 22 de agosto, estava eu arrumando as malas com destino à minha segunda participação em um evento dessa magnitude, precisamente, com destino à cidade de João Pessoa (PB), local aonde se realizaria a XV Convenção Nacional dos Fiscais de Contribuições Previdenciárias, sob os auspícios de nossa associação mater – Associação Nacional dos Fiscais de Contribuições Previdenciárias (Anfip).
Como era de se esperar, dei de encontro com minha ex-namorada e, sem qualquer seqüela por conta do rompimento do relacionamento anterior, tivemos boas conversas, inclusive, ela se dispondo a dar uma de cicerone, claro, com seu novo namorado a tiracolo.
Nos passeios das idas e vindas nos intervalos das palestras, ou no horário do almoço ou do jantar, quase sempre cruzava com a ex-namorada, tempo em que, quando isso ocorria no saguão de entrada do evento, ela aproveitava para me instigar a adquirir um chaveiro que concorreria ao sorteio de um carro que ali estava exposto (corsa sedan, zerado, modelo de lançamento, motor 1.4 cilindrada). Esse sorteio foi patrocinado pela Associação Paulista dos Fiscais de Contribuições Previdenciárias, sendo que o ganhador do carro seria aquele que adquirisse um chaveiro e tivesse a sorte do número premiado (cada chaveiro custava R$ 25,00 e continha um número de 001 a 999).
Às constantes sugestões da ex-namorada para compra do chaveiro, sempre respondia negativamente. Era um tal de “compra que é barato”, “compra que tu podes ganhar”, “compra que o carro é bonito”, “tu não é miserável, compra”, “são só R$ 25,00” etc. Confesso, não sei se foi pela massificação da propaganda ou pelo “aluguel do meu ouvido”, o certo é que, no dia do sorteio, não resisti à tamanha estimulação: comprei o chaveiro, apesar da quase certeza de me considerar uma pessoa sem sorte, portanto, lá se foram meus vinte e cinco reais.
É claro, como me considerava um desafortunado, não olhava para carro como os outros 998 adquirentes do chaveiro, que, por certo, sonharam com sua propriedade nos quatro dias de exposição daquele. É bem verdade, ainda que não fôssemos, nem de longe, uma daquelas pessoas que acha dinheiro em calçada alta, mesmo assim, não custava nada dar uma olhadela transversal, en passant, no objeto de nosso investimento altamente duvidoso, por isso, não lembro, mas devo ter caído nessa tentação...
Meia-noite do dia 25 de agosto de 1995, dia do sorteio. Pára o baile. O jantar será servido depois, anuncia o chefe de cerimônia.
As regras do sorteio são expostas: o primeiro número a sair do globo será o da centena, portanto, descartavam-se, de imediato, 899 ou 900 concorrentes; o segundo número sorteado seria o correspondente ao da dezena, o que redundava em permanecer sonhando apenas 9 ou 10 dos adquirentes dos chaveiros; e, por final, o terceiro número tirado do globo, por ser o da unidade, fecharia a centena, podendo o sortudo, a partir daí, soltar seus foguetes.
Roda o globo, salta a bola e anuncia o chefe de cerimônia que 899 pessoas acabaram de perder vinte cinco reais, pois saiu a centena de número 7, portanto, restavam 100 concorrentes; retornam todas as bolas ao globo, roda, roda e se extrai aquela correspondente à dezena, dando zero – eu e mais nove candidatos a proprietário do carro fomos convidados a subir no palanque do salão de festa para, à vista de todos, assistirmos, torcermos e sonharmos com a posse definitiva do veículo; pela última vez, as dez bolas foram colocadas novamente no globo, novamente rodam, rodam desvairadamente, e uma acha o buraco da saída – de soslaio, ainda que por um instante em que o mistério de sua identidade era prolongado pelo chefe de cerimônia, tive a certeza de que aquela pontinha de número me era bem familiar.
Bem, não sei por onde andava minha ex-namorada no momento do anúncio da unidade final que compôs a centena sorteada, todavia, me vi entre muitos colegas do Ceará, alguns cabisbaixos, outros com a ilusão de que “bateram na trave”, os demais, com banho de cerveja, faziam a festa com o ganhador.
Se não fosse por ter achado, no aeroporto de Miami, um mês antes, uma pochette com 89 dólares dentro, e mais, quinze dias atrás dessa viagem, ter ganhado um vale-brinde, no valor de 150 dólares, gasto naquela cidade dos Estados Unidos, talvez, no sorteio do número 702, não tivesse me considerado sem sorte – é certo, depois encontrei minha ex-namorada e tive que agradecê-la, afinal, não é todo dia que se é forçado a ganhar um automóvel corsa sedan, zerado, modelo de lançamento, motor 1.4 cilindrada, à época, no valor de R$ 13.500,00.
FIM