segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Autopsicografia

Era objetivo deste blog indicar que o mesmo se restringiria a apresentar fragmentos literários (se assim podemos considerar os escritos que aqui constam) inéditos, entretanto, o cotidiano e a intenção de mérito (aquele mais do que este) por trás de cada uma de suas criações me fez amparar no vaticínio de Fernando Pessoa (Autopsicografia), que reproduzo a seguir, e que comungo, integralmente, nas linhas e entrelinhas.

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Alter ego

Meu alter ego emudeceu
De tanto medo do que não veio a ser
E o infinito que foi ou é...
Ainda teme o por vir
Que não pode ser...
E nunca deixará de existir.