quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

As aprovações em concursos públicos

Se pudéssemos estipular o tempo de estudo numa unidade de medida a ser identificada como “Bunda Cadeira Hora (BCH)”, eu diria que meu tempo seria um tanto quanto quilométrico, isto exatamente pelo que deixei de usufruí-lo mais prazerosamente em face de estar constantemente “queimando” pestanas consumindo livros, apontamentos, apostilhas e, claro, muitos bizus (macetes, dicas).
Contrariando as opiniões de muitos dos meus familiares, parentes e alguns amigos, nunca me julguei uma pessoa dotada de inteligência, mas, para contrabalançar tal deficiência, admito ter me esforçado, talvez, um pouco mais que o suficiente para conseguir o que sempre busquei após a conclusão do curso superior: uma vaga no serviço público federal. Neste sentido, me julgava e me julgo ainda apenas uma pessoa esforçada – nada mais!
Nunca fui de buscar esse meu desejo específico pela via mais curta mediante o patrocínio de um padrinho político, que, usando dessa “arma” em troca de voto, me “catapultasse” à condição de servidor público. Preferi o caminho mais penoso, sem dúvida, entretanto, mais honrado e seguro, com certeza.
Assim, “queimando” muitas pestanas, portanto, perdendo muito sono, atravessei centenas e centenas de dias e noites (quando não trabalhava ainda) e outras várias centenas de noites (quando obtive o primeiro emprego, mas não o desejado) cumprindo a cartilha de quem não queria se submeter ao jugo político de quem quer que fosse: estudando para tudo que era concurso público municipal, estadual ou federal, de preferência, mas sem perder o foco, para aqueles que exigiam a graduação superior.
Sacrifiquei muitas atividades prazerosas, deixei de ver muitos programas interessantes e, parece estranho, adorava quando chegava um final de semana ou feriado, pois aproveitava os dias mais prolongados “enfiando” a cara nos livros.
Nesse investimento pessoal obtive muitas aprovações em concursos públicos, algumas, é verdade, me deixaram apenas a vã expectativa de um direito que não se materializou; outras me permitiram a escolha do que eu considerava de melhor para mim, quer seja não assumindo o cargo, quer seja trocando aquele que exercia no momento – nesta escolha, coeteris paribus, considero que acalmei meu ímpeto no que hoje faço como auditor-fiscal da Receita Federal do Brasil.
Assim, no sentido de incentivar aqueles ou aquelas que se encontram hoje na mesma situação que me encontrava outrora, listo, a seguir, os concursos públicos em que logrei êxito após uma quilométrica BCH: Agente da Polícia Federal, em 1980 (aprovado em todas as etapas que precederam a entrevista – vide, neste livro, a memória “Um quase ex-agente da Polícia Federal” – mas reprovado na dita cuja); Técnico do Tesouro Nacional – TTN, em 1985 (fui chamado em 1986 para assumir em Brasília – fiz as contas financeiras e decidi permanecer no BEP); Auxiliar Administrativo do Banco do Estado do Piauí – BEP, em 1985 (assumi em agosto de 1985, em Floriano – PI, e pedi demissão em março de 1991, já trabalhando em Teresina – PI); Fiscal de Contribuições Previdenciárias, em 1985 (de nível superior, por problemas judiciais, fui chamado para o treinamento somente em janeiro de 1993, sendo nomeado para o cargo em junho de 1993); Oficial de Justiça Avaliador da Justiça Federal, em 1987 (de nível superior, aprovado em 5º lugar, mas somente nomearam os três primeiros lugares); Fiscal de Cadastro e Tributos Rurais do INCRA, em 1987 (de nível superior, o resultado foi divulgado em 1989 e passei em 1º lugar empatado com uma outra pessoa, e, duas semanas depois, o INCRA foi extinto – depois, se a memória não me falha, os aprovados nesse concurso foram aproveitados noutro Órgão); Técnico de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, em 1989 (nível superior, em Fortaleza – CE, mas nunca me chamaram porque não obtive uma boa classificação); Fiscal de Tributos Estaduais do Mato Grosso, em 1990 (de nível superior, aprovado na primeira etapa, mas não fiz a segunda); Fiscal de Tributos Municipais da Prefeitura de Teresina – PI, em 1991 (aprovado em 3º lugar, fui chamado neste mesmo ano e lá trabalhei até junho de 1993, quando pedi demissão); e Fiscal de Tributos Federais, atualmente Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, em 1991 (de nível superior, fui convocado para fazer o treinamento em setembro de 1993, mas, com já era Fiscal de Contribuições Previdenciárias lotado em Fortaleza – CE, decidi não fazer o treinamento, pois após sua conclusão iria ser lotado numa cidade do interior do Norte do país ou na fronteira, e, como os salários dos dois cargos eram equivalentes, não compensaria a troca, ainda que esse fosse o cargo que sempre tivesse almejado). Resumindo o resultado final dessa peregrinação, e em termos mais atuais, assumi o cargo de Fiscal de Contribuições Previdenciárias junto ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em junho de 1993, exercendo as atribuições desse cargo até abril de 2007, quando, de maio de 2007 em diante, passei à condição de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil por força da fusão da Secretaria da Receita Federal com a Secretaria da Receita Previdenciária, surgindo daí a nova Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB (Lei n.º 11.457, de 16 de março de 2007).