terça-feira, 16 de setembro de 2008

Falso "arrastão" no Iguatemi




Em Fortaleza (CE), domingo, 14 de setembro de 2008, final da tarde, início da noite, no Shopping Iguatemi, houve uma tremenda correria, que se assemelhou ao que conhecemos hoje, modernamente, por “arrastão”.
Para quem nunca ouviu falar em “arrastão” (o que é pouco provável tal inocência), resume-se: trata-se de uma situação em que um bando de malandros, vagabundos ou ladrões resolvem promover uma série de roubos ou assaltos simultâneos aos transeuntes que se encontram às suas frentes, ou seja, vão atacando, depenando, roubando ou assaltando tudo ou todos que encontram no seu caminho.
Alguém, durante a correria, deve ter gritado: “arrastão! arrastão! arrastão!”
Nesse momento, o caos se instalou. Gritos e correria para todos os lados; buscava-se, como proteção, algum abrigo, e sobrou para as lojas...
Pois é, com toda segurança de um shopping center, a exemplo do referido acima, mesmo assim não foi possível controlar as pessoas que corriam em direção às lojas, e algumas destas, ao se depararem com o movimento assustador daquelas, imediatamente cuidaram de cerrar suas portas, mantendo presos os que lá se encontravam e impossibilitando aos de fora entrarem.
Conseguiram os seguranças, tempo depois, acalmar a situação.
Sondando-se a respeito do início do movimento, foi dito que tudo começou com uma discussão dentro de um dos cinemas do shopping, em que um dos briguentos sacou de uma arma e, a partir daí, dar para se imaginar o efeito produzido nos cinéfilos que se encontravam nas imediações dessa pessoa com a arma em punho: um corre-corre tremendo, um salve-se quem puder...
É interessante como a imprensa local (falada, escrita e televisada) se mantém num silêncio sepulcral a respeito de tal fato. Ninguém viu, ninguém sabe, ninguém pode escrever nada, ou seja, isto não é notícia.
Acredito que deve haver algo de podre no seio desse poder econômico dominante, algo que nos impede tomarmos conhecimento dos fatos quando estes acontecem em locais considerados “vips”. Ao contrário, quando um fato semelhante ocorre numa quitandinha de ponta de rua, numa bodega de um bairro pobre, ou numa zona comercial de freqüência humilde, pronto, é manchete do noticiário radiofônico e televisivo do dia e da mesma noite, e, na manhã seguinte, estampa a primeira página dos jornais, sem qualquer restrição de endereço, fotos, entrevistas etc.
E a imprensa se vangloria de ser livre – já captei: livre para noticiar o que lhe interessa; no caso em tela, com certeza, não interessa (principalmente, claro, a quem patrocina o interesse)!
Então, vamos às notícias da periferia!