quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Teresina (PI), Cidade Verde



Vislumbrando melhores ares e perspectivas, meu pai resolve, mais uma vez, mudar de endereço, desta feita, fixando residência em Teresina (PI), reconhecida por seus nativos como a “Cidade Verde”, talvez, a capital mais verde do País. Apesar das muitas árvores, é verdade, e o fato de ser quase uma ilha (pois é banhada pelos rios Parnaíba e Poti, que a circunda quase completamente), isso não amenizava o calor implacável de uma temperatura média de 38° centígrados, à sombra, durante seus 365 dias do ano! E isto é comprovável diariamente pelos locutores das estações de rádio FM locais, que anunciam seu tempo desta forma: em Teresina, 18:00 horas, 38º.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Meu primo

Nesses primeiros anos de Teresina, um primo meu veio morar conosco, tempo em serviu o Exército. Por esse tempo, meu pai tinha um jeep ano 1959, e, como meu primo era metido a mecânico, quando de suas folgas de final de semana, o mesmo se metia dentro do capô desse jeep e tratava de colocá-lo em condições de funcionamento – era praticamente o dia todo melado na graça para, numa volta experimental, a gente ficar novamente “no prego”, a empurrar o chamado “casquinha” pelas ruas até “pegar”. Um dia, numa dessas voltas experimentais, meu primo ia passando por uma rua quando um grupo de três moças, sem nenhum razão, achou de zombar do carro e de seus passageiros; ato contínuo, meu primo olhou para elas, deu aquele grito com um tremendo palavrão regado com uma dedada daquelas! Ainda lembro o constrangimento das moças, digamos, com o rabo entre as pernas...
É também desse meu primo o “grande” incentivo que tivemos, eu e meu irmão mais novo, para trocarmos tapas e murros por besteiras triviais, a exemplo de apelidos, quebra do carro de madeira, batida de carro de rolimã etc, pois, quando tal ocorria, esse primo ficava nos insultando, um ao outro, até que “o pau” começasse..., e depois, quando alguém separava a briga e nossa mãe perguntava a causa, o primo, na maior desfaçatez, alegava que não tinha nada a ver com aquilo...

A paixão pelo futebol


Meu amor bem particular pelo esporte bretão se delineou quando morava em Parnaíba (PI), pois meu pai gostava de ouvir as transmissões das partidas futebolísticas da capital piauiense através das estações de rádios em amplitude média (AM), as ditas Rádio AM, e ele era um torcedor árduo do então Piauí Esporte Clube, famoso na época, e então identificado carinhosamente por “Piauizão Vibrante”. Ainda que com este indicativo paterno, confesso que não consegui me decidir pelo “Piauizão”, pois, viciado pela locução esportiva, um dia ouvi pelo rádio, com a costumeira “chiadeira” de sempre, uma partida entre o River Atlético Clube e o Flamengo Esporte Clube (times da capital piauiense), cujo resultado importou na vitória deste último por dois a zero, e, daí em diante, me fez torcer pelo rubro-negro piauiense, paixão que perdura até os dias de hoje.
O carinho pelo Flamengo piauiense extrapolou divisas e me fez, com muito mais paixão, alcançar a nação rubro-negra do Flamengo carioca, principalmente, anos depois, com o surgimento de craques como Zico, Andrade, Adílio, Geraldo, Leandro, Júnior etc.
Esse amor pelo futebol cresceu assustadoramente quando da realização da Copa do Mundo de 1970, pois, sendo a primeira vez que ocorria a transmissão, via Embratel, pela televisão, pudemos assistir ao vivo o desenrolar dos nossos craques canarinhos passeando pelos gramados do México. Estavam lá, enchendo os olhos dos mexicanos e do resto do mundo, estrelas que foram eternizadas pelos torcedores, a exemplo de Jairzinho, Gérson, Tostão, Rivelino, Carlos Alberto, Clodoaldo e, a maior e mais reluzente de todas, Pelé! Mesmo com apenas onze anos à época, lembro do sofrimento da primeira partida (Brasil versus Inglaterra), sofrimento esse pela dificuldade da partida em si, que terminou com a vitória canarinho por um a zero, bem como pelo desconforto da sala em que nos encontrávamos assistindo o jogo – é que, como não tínhamos televisão, o vizinho de frente de nossa casa, com cortesia, acolhia todos aqueles que não possuíam esse aparelho, o que redundava em espalhar pessoas por todos os cantos da sala, e, na ausência de cadeiras para todos, sobrava para os meninos o chão... De qualquer forma, nem a dureza do chão durante os noventa minutos da partida diminuiu a vibração que coroou a festa quando da final da Copa, logrando a Seleção Brasileira em aplicar uma sonora goleada (quatro a um) na então Seleção da Tchecoslováquia.
Assim, essa paixão pelo esporte bretão foi crescendo a cada dia, mas não se resumiu apenas em ouvir ou assistir as pelejas futebolísticas; de então, passei a ser um contumaz praticamente de tão delicioso exercício físico, a ponto de, como tal, ser este o único e confessado vício que me acompanhou por todos esses longos anos de vida. Neste sentido, todas as minhas residências da infância, adolescência e juventude sempre foram marcadas pela existência de um campinho de “peladas” (ou de várzea, para alguns) nas imediações, o que me possibilitava correr atrás da bola
e desenvolver essa arte, mesmo sem a intenção de me tornar um “craque”, mas, também, longe de me considerarem um candidato a “perna de pau” – eu diria, dei meus passes (que os atuais locutores esportivos chamam de “assistência”), fiz meus goolzinhos, pisei algumas vezes na bola (até Pelé deve ter dado suas pixotadas), acusei muitos juízes de ladrão (quando eles apitavam as “peladas”), discuti e, por certo, cheguei às vias de fato algumas vezes, mas sobrevivi, ainda que como um legítimo peladeiro.

De medíocre a aluno exemplar

Como que por um milagre, mudei de um aluno medíocre da Escola Monsenhor Roberto Lopes para, sem falsa modéstia, aluno esforçado do Grupo Escolar Félix Pacheco, em Teresina, e, por conta disso, merecedor, a cada final de ano, de um presente de minha marcante professora Esmelinda (pelo tempo, não tive mais notícias dela), por figurar entre, sempre, os três primeiros lugares da classe, sendo tal massagem de ego, repetida ao longo de todo o primário, ginásio (Instituto Elias Torres, do conhecidíssimo prof. Francisco das Chagas Marques Figueiredo) e ensino médio, no Liceu Piauiense (só que nestes já não existiam mais os presentes materiais, mas de palavra, o que também ficaram registrados na minha memória e me fizeram bastante diferença).

A segunda paixão


Minha segunda “paixão” ocorreu quando frequentava o 2º e 3º anos primários, e recordo que a Carla era linda, olhos verdes. Como da primeira vez (Justina), lembro que não houve correspondência material no sentimento, embora a própria irmã dela (Lúcia) torcesse para tal. Muito tempo depois, ambos já adolescentes, continuei a manter o mesmo sentimento por essa menina, mas nada aconteceu, mesmo com o patrocínio contínuo da irmã dela.

A Casa Saló

Como haveria de esquecer a loja da dona Saló, aonde, creio, devo ter exercido minhas primeiras atividades de empregado mirim, seja na condição de empacotador, seja como vigia dos produtos expostos à venda? Ou mesmo pela amizade que tive com o neto dela, Alexandre, cujo proveito maior era lanchar na casa dela e passear aos domingos de carro!

O picolé "quichuá"


Perto de nossa casa existia uma fábrica de picolé e sorvete, cuja marca levava o nome de “quichuá” (não me recordo se a grafia era exatamente esta, mas da pronúncia, não tenho dúvida); essa fábrica costumava diariamente mandar vender os seus produtos nas cidades vizinhas de Teresina (Caxias, Timon, Demerval Lobão etc), e, à noite, quando os carros retornavam com o restante não vendidos, fazia a nossa festa, pois o dono da fábrica mandava distribuir os picolés e sorvetes moles para a garotada que ficava à espreita, ao redor do carro – diga-se: os produtos vinham, ainda, em condições de serem apreciados, inclusive, dependendo da “feira”, sempre sobravam alguns para serem levados para casa.

A dentista e os dentes de ouro


Da infância lembro os males causados pelo medo do dentista, o que, além das dores, se refletia num sorriso externamente doentio, eu diria, um prato cheio para qualquer prático e uma festa para os diplomados – é interessante dizer, quanto a estes, que em uma das visitas a um consultório dentário, uma odontóloga chegou a diagnosticar a necessidade de três dentes frontais (como se diz no cotidiano, “dentes da frente”) de ouro! – como então seria um sorriso desses? Imagino que seria uma verdadeira “Serra Pelada”!
Nunca me esqueci disto, sem, no entanto, à época, já ter consciência para concluir que muito existia, por parte da dita profissional, o desejo do lucro de maneira mais breve.
As mazelas da imprevidência com os dentes me acompanharam ao logo de minha vida adolescente, mas, felizmente, após quebrar um “da frente”, já fragilizado pelas cáries, numa pelada no campo da “Quinta Velha”, próximo de minha casa, criei, de um a hora para outra, o desejo e a vontade de reparar o tempo perdido, reparação essa que me acompanhou, me acompanha e acompanhará pelos anos sem fim.

Um "trombadinha" que não se materializou

Nossa casa ficava bem próxima do mercado central de Teresina, precisamente, dois quarteirões. Um dia eu fui a esse mercado com minha mãe e, passando por uma lojinha próxima àquele, observei, dentre os vários sacos à frente da mesma, que um continha petecas coloridas de vidro (também conhecida por bilas ou bolinhas de gude) e, enquanto minha mãe conversava com o vendedor lá dentro da lojinha, aproveitei a surdina para colocar várias petecas no meu bolso; após minha encerrar a compra de alguma coisa, saímos e, inocentemente (ou por obra do Superior), mostrei para minha mãe as petecas que havia surrupiado – não deu outra: puxões de orelha, uns coques e cascudos distribuídos e a obrigação, no mesmo momento, de devolver o que não me pertencia, portanto, com certeza, foi menos um “trombadinha” que não se materializou!

A casa da Rua João Gayoso

Moramos inicialmente na Rua João Gayoso, a dois quarteirões da Praça da Bandeira, local aonde existia o zoológico de Teresina, posteriormente, este foi transferido para o atual Zoobotânico, localizado no bairro Socopo. A casa era, ao mesmo tempo, residência e depósito de óleos lubrificantes do posto de gasolina em que meu pai trabalhava, pois essa casa era também de propriedade do patrão dele. Entre as caixas de óleo nós brincávamos de esconde-esconde, de bandido e mocinho.

sábado, 22 de agosto de 2009

Chico Panelada

Outra lembrança dessa época beira o ridículo: tinha, talvez, por volta de uns oito ou nove anos, e me atormentava o fato de passar pelas imediações da casa do Chico Panelada – era um vizinho nosso, um ano mais velho, de corpo um pouco mais avantajado que o meu e o do meu irmão mais novo; é que o mesmo, sempre que possível, nos ameaçava bater ou coisa que o valha, e, medrosos como éramos, evitávamos esse desagradável encontro, sempre, e, ao apontarmos na rua, ficávamos à espreita da presença do Chico Panelada, resultando, muitas vezes, em se ter de apelar para as canelas... Mas, que eu lembre, nunca apanhei, até mesmo porque sempre corríamos, pois o medo de enfrentá-lo era bem maior.

O medo do dentista
Sinceramente, não posso culpar, jamais, minha mãe pelo sorriso que tenho, pois seria isto uma injustiça extrema. Explico: como se fosse hoje, lembro daquela ladainha maternal diária azucrinando meus ouvidos com a sentença que, à época, me soava como castigo, qual seja, “hoje é dia de dentista”. Quantos subterfúgios usei para não ir a tal encontro, e quantas vezes torci para que o dentista não comparecesse! Enquanto isso, as cáries iam consumindo a beleza de um sorriso... É duro se reconhecer o que o medo de um dentista pode causar às pessoas, e mais duro ainda é se providenciar recursos financeiros para tentar minimizar os efeitos desse medo... O tempo passou, e as seqüelas ficaram!

Umas malandragens no primário
A lembrança das aulas do primário me remete ao Grupo Escolar Monsenhor Roberto Lopes, que funcionava no mesmo prédio aonde existe o Colégio Clóvis Salgado. Lá eu cursei minhas primeiras letras; lá eu me revelei um aluno um tanto quanto medíocre, pois, quase sempre, mesmo estudando numa sala com uma irmã, todos os dias eu fugia antes do término da aula, usando o artifício de sair por debaixo de uma cortina que isolava a sala de aula do corredor, e, quando chegava em casa e minha mãe perguntava pela irmã, respondia que ela tinha ficado para trás, conversando com suas colegas... O resultado da esperteza foi notório e previsível: reprovação no 2º ano primário!

A primeira paixão
Por último, não deixo de relembrar aquilo que considero a primeira paixão (se é que um garoto de oito ou nove anos pode assim se sentir, apaixonado). A suposta paixão tinha nome e endereço: morava na mesma rua, numa casa quase em frente à minha, e atendia pelo nome de Justina. De minha casa, escondido no jardim atrás de alguma coisa, ficava à sua espreita, esperando a oportunidade de vê-la. De constrangedor me vem à memória o fato de que na rua em que morávamos não passava o carro do lixo, o que nos obrigava a levar o resíduos domésticos a um local próximo, uns trezentos metros; ocorre que, algumas vezes, meu pai me escolhia para tal fim, implicando, assim, em transitar pela rua com uma lata de querosene cheia de lixo na cabeça– e aí residia meu tormento, pois, mais do que nunca, antes de tomar o rumo da rua, eu dava uma geral pelas imediações para ver se a menina dos meus olhos não estava na porta ou passeando por ali; confesso que fiquei vermelho algumas vezes quando o encontro foi inevitável, pois, para os meus pais, não havia qualquer desculpa para a não execução do serviço naqueles momentos... Era um tormento! Ainda quando morávamos em Parnaíba, a família da Justina se mudou para Belo Horizonte, e dela nunca mais tive notícias, como também nunca soube se ela nutria algum sentimento por mim – talvez tudo tenha sido meu primeiro sentimento platônico!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Bois Vert Château Blanc 5.0

Parte I

Primeiros anos
É pouco provável alguém lembrar dos seus primeiros anos de vida; não fujo à regra. Tudo que sei do período dessa idade tenra, hoje, remota, é fruto das recordações de minha mãe. Ainda assim, do pouco que ouvi, apenas me martelam a consciência duas recordações: aos dois anos pesava algo em torno de quinze quilos, sendo, por isso, alcunhado pelo avô paterno (que não conheci) por “meu chumbinho”; e que, acometido pelo paratifo (doença infecciosa próxima à febre tifóide), fiquei tão fraco que o deslocamento do vento provocado pelo voo de uma galinha era suficiente para me mandar à lona – por conta da febre extremamente alta e persistente resultante dessa doença, meu médico e amigo da família sentenciou: se esse menino não morrer, vai ficar inteligente. A meu juízo, o médico acertou uma e errou a outra!

Parte II

De Buriti dos Lopes (PI) à Parnaíba (PI)
Na visão de meu pai, nossa cidade natal já não mais permitia um desenvolvimento, quiçá, promissor à sua prole; filhos com idades entre quatro e quinze anos, pouca possibilidade de um salário mais em conta e escola precária em Buriti dos Lopes justificaram a migração para a vizinha Parnaíba, litoral do Piauí, a pouco mais de 30 km.

As casas da Rua Cel. Pacífico
Nesse período, creio, de 1962 a 1969, afloram-me várias recordações que marcaram significativamente o universo da minha memória: a primeira casa de Parnaíba (Rua Cel. Pacífico, no meio do terceiro quarteirão, do lado esquerdo, a partir da Santa Casa de Misericórdia, em direção ao Rio Igaraçu), em que meu pai, por prazer originado da cidade de Buriti dos Lopes, mantinha no quintal um pequeno curral com três cabeças de gado, de onde supria-nos a necessidade do leite (nunca gostei de leite puro, mas lembro-me que acordava cedinho para tomá-lo misturado com canela) – é interessante relembrar que, como o curral não tinha acesso ou saída diretamente para a rua, todos os dias meu pai soltava as três cabeças de gado usando a mesma porta de entrada e saída da casa, ou seja, para ir para a rua, o gado passava pela cozinha e sala da casa, até encontrar a porta de entrada/saída da casa... Nesse tempo, a rua não tinha calçamento, o que redundava num verdadeiro lamaçal durante o período das chuvas.
Os vizinhos de mesmo nome
A segunda memória era que, para desagrado de minha mãe, nossos vizinhos do lado esquerdo eram formados por uma família que, dentre outras, possuía três pessoas com o meu mesmo nome (parece-me, Caubi pai, Caubi filho e Caubi júnior). A respeito deste nome, segundo minha mãe, sua opção inicial era batizar-me pelo nome de Bievenildo; entre um e outro, resolveu minha mãe homenagear o cantor Caubi Peixoto, e, entre ambos, eu ficaria, também, apesar de não gostar, com o que hoje atendo aos chamados, mas, admito, estaria mais conformado se a homenagem fosse para o índio de uma das obras de José de Alencar (nada contra o cantor, que, aliás, admiro).

Os álbuns de figurinhas
É dessa primeira casa que me lembro, com prazer, do contato inicial com os álbuns de figurinhas, principalmente aqueles que se referiam às coleções de times e jogadores de futebol, apesar de, à época, nossos recursos serem bastante escassos para adquiri-los, sendo a curiosidade suprida pelo acesso aos álbuns dos colegas da vizinhança, com certeza, bem mais abastados. Que emoção maior existia para aquele colega que encontrava, ao abrir um envelope de figurinhas, uma que era considerada difícil, ou quando preenchia integralmente o álbum!
O boi das festas juninas
Apesar dos parcos recursos, meu pai conseguiu juntar alguma coisa, e decidiu comprar nossa segunda moradia de Parnaíba, uma casa localizada na mesma rua, do lado direito, no segundo quarteirão após a primeira. É dessa nova residência que tenho outras recordações marcantes de minha infância. Foi nela que tracei alguns passos no que tange à arte artesanal de se produzir um boi de madeira – daquele tipo em que, nas festas juninas, sua presença é indispensável; juntando uns pedaços de paus, restos de plásticos e de roupas, pregos, tábuas, forro de palha e chifre de boi, conseguia dá uma forma que muito se aparentava com um boi das festas juninas, e fazia a festa com auxílio de meu irmão, Castelo (este, durante nossas apresentações da dança do boi, se passava pela personagem “Catirina”, responsável por atazanar o boi), pois, durante dia, saíamos a procura daquelas residências que estavam dispostas a pagar uma quantia, irrisória diga-se, para assistir, em frente às suas casas, nossas apresentações folclóricas – eu, além de “produtor” do boi, era também um dos meninos encarregado de dançar debaixo do boi, e dançava direitinho, lembro e penso!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Bois Vert Château Blanc 5.0 (versão preliminar do 1º capítulo)

PRIMEIROS ANOS
É pouco provável alguém lembrar dos seus primeiros anos de vida; não fujo à regra. Tudo que sei do período dessa idade tenra, hoje, remota, é fruto das recordações de minha mãe. Ainda assim, do pouco que ouvi, apenas me martelam a consciência duas recordações: aos dois anos pesava algo em torno de quinze quilos, sendo, por isso, alcunhado pelo avô paterno (que não conheci) por “meu chumbinho”; e que, acometido pelo paratifo (doença infecciosa próxima à febre tifóide), fiquei tão fraco que o deslocamento do vento provocado pelo voo de uma galinha era suficiente para me mandar à lona – por conta da febre extremamente alta e persistente resultante dessa doença, meu médico e amigo da família sentenciou: se esse menino não morrer, vai ficar inteligente. A meu juízo, o médico acertou uma e errou a outra!

domingo, 5 de abril de 2009

Desejo sem chão

Aos pulos, o coração,
Que, do alto da escada,
Procura uma paixão
E vê a vida passada...

A loucura deixar falar,
Vontade física, amassar.
Na escada, cá embaixo,
Com desejo cabisbaixo.

Menos chão e mais idade.
Da escada tomo rumo,
Aguento firme: é prumo.
É assim a crua realidade.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Tempo...

Ela brincou com o tempo
Sem se importar com seu poder.
Hoje, só um silencioso lamento
É causa, é consequência
Do seu incoerente viver.
Esqueceu de sentir
Não sabe mais como chorar
Leva a vida cantando
Revelando a si mesma
Os males de não ter amado.
Acalenta a sua dor
Com um simples calar.
Não atende aos seus gritos
E nem conhece mais
O brilho do seu próprio olhar.

Obrigado, meu alter ego

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O tempo passado

O olhar dela não mostra o tormento
Do seu viver sem emoção
Lá vai ela por caminhos não desejados...
E sua lembrança, quiçá, a mirar
Uma fotografia que revela,
Na sua alma, a imensa solidão
Do seu estranho mundo interno,
Digladiando-se com o externo
Numa luta quase infame!
Almeja, no improvável desespero,
Uma vontade louca de fugir
Para não sei onde distante
E eliminar o vazio eterno
Da hora que o viu partir.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Bois Vert Château Blanc

Em breve, muito breve, estarei postando a versão primeira de um cotidiano de cinco décadas, que terá como título "Bois Vert Château Blanc 5.0".